
Com o aumento da expectativa de vida, tem crescido também o número de diagnósticos de câncer entre a população idosa. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 70% dos diagnósticos de câncer ocorrem em pessoas da terceira idade, o que torna urgente e essencial a abordagem especializada e multidisciplinar no tratamento oncológico para idosos.
O Dia Mundial do Câncer, celebrado no dia 04 de fevereiro, é uma oportunidade de discutir iniciativas, estudos e investimentos para adoção de abordagens que garantam bem-estar e longevidade aos pacientes idosos na luta contra a doença.
O oncologista da MedSênior, André Luiz Pedrini Tófoli, ressalta que idosos diagnosticados com câncer necessitam de um suporte específico e personalizado.
“O paciente oncológico idoso requer cuidados de toda uma equipe multidisciplinar, que avalie questões individuais, nos âmbitos nutricional, cognitivo, emocional, funcional e leve em consideração as comorbidades preexistentes”, afirma.
Ele explica, ainda, que é importante que a equipe seja formada por médicos, enfermeiros, nutricionista, psicólogo, farmacêutico, fisioterapeuta, entre outros profissionais, com foco em oferecer mais qualidade de vida ao paciente.
“Além do câncer, é comum que idosos sejam acometidos por outras comorbidades como pressão alta, diabetes, colesterol alterado, falta de autonomia e limitação física. Tudo isso pode se intensificar durante o tratamento, deixando o paciente ainda mais fragilizado, fatores que tornam o tratamento multidisciplinar ainda mais importante”, justifica.
Acompanhamento nutricional
A nutricionista da MedSênior, Gislane Jesus Torres, destaca que durante o tratamento oncológico, a terapia nutricional previne a perda de peso excessiva, melhora a função imunológica e o gerenciamento dos efeitos colaterais, reduzindo as chances de pausa do tratamento.
“Vale lembrar que que a alimentação e o emocional andam lado a lado e, por isso, é fundamental que o paciente também receba apoio psicológico durante esse processo”, orienta.
Neste sentido, a psicóloga da MedSênior, Deborah Tiengo Ramos, explica que o atendimento com foco na saúde mental, desde a confirmação do diagnóstico, pode facilitar a aceitação tanto do paciente quanto dos familiares.
“Ao longo do processo, o acompanhamento psicológico ajuda na manutenção do tratamento, na adesão às recomendações da equipe multidisciplinar, dando suporte emocional tanto para o paciente como para a sua família”, explica.
E esse acompanhamento não deve acabar com o tratamento, porque é comum que idosos fiquem com receio excessivo de a doença voltar e assumam uma postura hipervigilante, atraindo tensões prejudiciais para seu bem-estar.
Atividade física
André Luiz Pedrini Tófoli, oncologista da MedSênior, a atividade física é outro pilar importante no tratamento oncológico. “O idoso que já praticava alguma atividade física deve continuar durante o tratamento, respeitando suas limitações e as recomendações do seu médico. E aqueles que não praticavam precisam incluir este hábito à rotina, testando diversos esportes até encontrar algo que lhe dê prazer em fazer”, sugere.
Outra recomendação do especialista é a socialização, afinal, ele explica, a solidão é muito comum em idosos, sobretudo os que estão em tratamento contra o câncer.
“Familiares e amigos precisam inserir esses pacientes idosos em atividades diversas, proporcionar a socialização e reinserção no convívio social, com atividades que eles gostam de fazer, além de estimular o cultivo de hábitos saudáveis para manter a mente ativa, como jogos, leituras, entre outras atividades cognitivas”, recomenda o especialista.
“No que depender de mim, vou viver”
A aposentada Lucinéa Maria Doná passou por um tratamento de câncer, sem perder a vontade de viver: aos 57 anos, descobriu um tumor maligno na mama e, dois anos após a cura, se deparou com a recidiva da doença já em metástase. Atualmente, com 64 anos, e em tratamento contínuo, ela garante que vive com qualidade e sem limitações.
“O que eu tenho é o hoje e vou aproveitá-lo da forma como eu sempre fiz e no que depender de mim, vou viver”, declara entusiasmada.
Ela se dedica ao acompanhamento multidisciplinar, seguindo o protocolo medicamentoso, cuidando da alimentação e da saúde mental. Com força e resiliência, ela vive o melhor que a vida tem a oferecer, dentro de suas possibilidades.