
O que começa com um leve tremor nas mãos, uma dificuldade sutil para escrever ou um sono mais agitado pode ser o prenúncio de uma doença que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. No Dia Mundial da Conscientização da Doença de Parkinson, celebrado em 11 de abril, especialistas reforçam a importância de reconhecer os primeiros sinais para um diagnóstico precoce e um tratamento mais eficaz.
A Doença de Parkinson é um distúrbio neurológico degenerativo que impacta o controle dos movimentos e pode trazer desafios significativos para os pacientes e suas famílias. Apesar de estar mais associada à Terceira Idade, a doença também pode se manifestar precocemente, antes dos 50 anos, em alguns casos. O principal sinal de alerta costuma ser o tremor involuntário, mas há outras manifestações que podem indicar a doença ainda nos estágios iniciais.
Segundo o superintendente de Medicina Preventiva da MedSênior, Roni Mukamal, a lentidão dos movimentos, conhecida como bradicinesia, é um dos sintomas mais marcantes. “Tarefas simples, como abotoar uma camisa ou amarrar os sapatos, passam a exigir um esforço muito maior. A rigidez muscular também pode comprometer a mobilidade, causando desconforto e dificuldade de locomoção. Outra mudança sutil, mas reveladora, é a alteração na escrita: a letra pode ficar menor e mais apertada, caracterizando um fenômeno chamado micrografia”, pontua.
Outros sintomas menos conhecidos são a perda do olfato, distúrbios do sono e alterações na expressão facial, tornando o rosto mais “parado”, sem muitas emoções aparentes. Alterações na postura, na voz e a constipação frequente também podem ser sinais precoces.
Suporte e cuidado integral
Para os familiares, o diagnóstico traz incertezas sobre a progressão da doença e a necessidade de adaptações na rotina. Roni lembra que cada caso evolui de maneira diferente, e a adaptação da família é essencial para proporcionar suporte e conforto ao paciente.
“O primeiro passo é buscar informação e orientação médica para entender os desafios e necessidades que podem surgir. O apoio emocional é indispensável, tanto para o paciente quanto para os cuidadores. Criar um ambiente acolhedor, incentivar a independência e manter uma comunicação clara sobre as mudanças na rotina ajudam a fortalecer os laços familiares e garantir uma melhor qualidade de vida”, explica.
Além disso, segundo o médico, a convivência com a doença exige ajustes na casa para evitar quedas e facilitar a mobilidade. Tapetes soltos devem ser removidos, móveis precisam ser reorganizados para ampliar os espaços de circulação e, em alguns casos, barras de apoio podem ser instaladas nos banheiros e corredores.
Embora ainda não haja cura para o Parkinson, o tratamento pode retardar a progressão da doença e minimizar seus sintomas. A abordagem inclui o uso de medicamentos para compensar a perda de dopamina, hormônio essencial para o controle dos movimentos, além de terapias complementares, como fisioterapia e fonoaudiologia. A prática de atividades físicas também se destaca como uma aliada, contribuindo para a manutenção da força muscular, do equilíbrio e do bem-estar emocional.
“A participação em grupos de apoio pode ser uma ferramenta valiosa tanto para pacientes quanto para familiares, promovendo a troca de experiências e a sensação de pertencimento. O suporte psicológico também deve ser considerado, pois lida com os impactos emocionais da doença e ajuda a construir estratégias para enfrentar as dificuldades do dia a dia”, afirma.